VOLUNTAS FACTO, MAGIS QUAM VERBIS, DECLARATUR

Voluntas facto, magis quam verbis, declaratur, significa em português "A intenção se expressa mais pela acção que pelas palavras"

Esta frase espelha inteiramente  o que penso quando ouvi as palavras sábias do Sr. Primeiro-Ministro afirmando "que se algum dia tiver que perder eleições em Portugal para salvar o País, que se lixem as eleições!" Pena é que o Primeiro-Ministro faça esta declaração aparentemente desprovida de interesse político ou eleitoral, num gesto quase altruísta quando sabemos que a frase é proferida com intenção contrária que é uma frase profundamente eleitoralista. O problema, ou talvez não, é que os seus concidadãos já não acreditam nessa sua boa vontade para com o país, pessoalmente estou convencido que o  Sr. só é Primeiro-Ministro porque o povo quis castigar o PM anterior, mas tal como um iletrado o Sr. não aprendeu com as lições do passado. O Sr. não aprendeu que o povo não gosta de mentiras, tal como o PSD (Santana Lopes) não gostou de ter perdido as eleições para o PS (Sócrates) com base em campanhas eleitorais mentirosas mas eloquentes. 

A meu ver, este tipo de frase não é séria, pois se o Sr. Primeiro-Ministro assim julgasse, teria tido a honestidade de não se ter candidatado, assim mandava logo as eleições às malvas e o país talvez se salvasse. Temo é que o candidato alternativo fosse da mesma estirpe ou pior, mas ... mas assim sabíamos que falava a sério! 
Saberíamos que não era somente demagogia e dessa forma, certamente, granjearia mais respeito e mostrava um bocadinho de humildade que também não lhe ficava nada mal. 

Ao invés, o Sr. Primeiro Ministro quis aceder ao cargo de Primeiro-Ministro o quanto antes, tendo para isso também minado o seu próprio PSD que viu cair em catadupa secretários-gerais uns atrás dos outros após a saída do Dr. Durão Barroso (José, para a UE). Sabendo nós tudo isto, vem o Sr. Primeiro-Ministro proferir este tipo de frase como se de um perseguido se tratasse, como se temesse o castigo do voto popular, assumindo-se como O Salvador da Pátria quando o Sr. Primeiro-Ministro é tão somente o profeta da desgraça. 
Senão vejamos: 
  Foi o SEU executivo que impôs as medidas de austeridade, muito além do que a troika pediu; 
  foi o SEU executivo que não soube fazer contas e que agora falam em previsões erradas, bem como um buraco de dois mil milhões de euros (o mesmo valor de que falou quando começou a governar); 
  foi o SEU executivo que pôs a taxa de desemprego em 15,4%; 
  foi o SEU executivo que elevou para 115% do PIB a dívida pública portuguesa;
  é o SEU executivo que apesar do aumento dos impostos não consegue cortar - como prometeu - despesa pública 
  foi o senhor que falou que fez as contas e que se colocou em condições de garantir que não seria preciso cortar salários, nem despedir pessoas [na administração pública] para cumprir um programa de saneamento financeiro, porque havia muita gordura para cortar.

Se o Sr. Primeiro Ministro tivesse dito "se algum dia tiver que perder Ministros para salvar Portugal, que se lixem os Ministros", esta frase teria mais impacto em todos nós, mostrava que não compactuava com trafulhices e espertezas, mostrava-se um homem digno, coerente com o partido que representa e que tanto condenou a licenciatura de Sócrates. Ao deixar como intocável um ministro que demonstra que Portugal é um país para chico-espertos, está a desacreditar, ainda mais, a já de si paupérrima reputação que os políticos têm e atesta com o seu silêncio e com a sua inacção que estamos destinados ao insucesso como povo, pois somos manifestamente corruptos.... à mulher de César não basta ser séria, também tem que parecê-lo (e com razão)!! 

Numa coisa o Sr. Primeiro Ministro afirmou (em campanha eleitoral) e não mentiu, o pouco tempo veio-lhe dar razão, o Sr. era/foi - sem sombra de dúvidas - o candidato mais Africano que se perfilava, afirmação que cumpriu na íntegra, pois conseguiu tornar Portugal como o país Africano mais a norte!  

Mas não espere que lhe fiquemos gratos por isso...